domingo, 22 de dezembro de 2013

Noventa anos com notas e essências de todas as flores.

Foto Khaled Khan


Noventa anos com notas e essências de todas as flores.


Eis que existe um perfume que em cada ano adquiriu mais uma nota ao seu aroma.
Com sabedoria foi plantando suas sementes, ensinando que em cada pétala existia um sentido maior de vivencia, a benevolência ao despertar seus valores em cada ser que colocou no mundo, em cada ser que passasse por sua vida.
Seus ensinamentos semearam o amor ao próximo a honestidade a fé abundante, em cada gota de suor foi regando suas plantas, para que cada uma delas crescessem na humildade e inteligência recriando assim mais uma maneira de amar.
O respeito conquistado, a admiração de sua beleza que vem profundamente do interior sustentando cada partícula de felicidade entre seus cinco filhos e tantos netos.
Mãos que afagam, com sabedoria, a matriarca que adoça e leva seus ensinamentos reagindo com seu doce olhar à reciprocidade da pureza.
Mulher capaz de apontar e dirigir seus amados ate a luz no fim do túnel.
Que abraça e protege sua família com a voracidade de uma leoa, o encanto de um pássaro.
Em naturalidade flutua e sustenta em suas orações, poderoso seu coração que é recheado de bondade, que transmite a felicidade, o sorriso através de seu olhar.
Em noventa anos de historia de vida, mostrou a sua força a sua paixão pela vida.
Criança por dentro, maturidade em sua mente, muitas vivencias a compartilhar.
Suave são suas palavras, eficácia ao raciocinar...
As cores de suas vestis por mais exuberantes não conseguem interpretar tanta beleza e esplendida magia de sua existência ao mundo que veio somente á nos ensinar.
Ensinar que a vida é plena e bela, que o mundo consegue nos suspender ao acordar.
Acordamos hoje pensando no amanhã, mais tu nos mostra que vale apena viver agora.
Pois vivestes ate agora noventa anos apenas pra demonstrar toda beleza de ser essa grande mulher.
Mulher que ama que encanta que anima e nos ensina.
Que fascina o mundo e todos os seus com seu doce aroma, e milhares de historias a nos contar.
Desejo que o brilho desta estrela continue a perpetuar com todos os seus exemplos em nossas vidas por muitos e muitos anos a nos abençoar.
 Homenagem a Dona Sara Khan Bagum, com 90 anos de historia uma paquistanesa guerreira
que vive em Canada, inspirando muitas pessoas com seu exemplo de vida e fé, e amor.
 

Por Nina Carrillo.



















sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Um natal todos os dias.

Foto Marcelo Nozaki Tashiro.

Um natal todos os dias.


Existem datas que comemoramos com mais fé ou compaixão, ainda que o mundo esteja carente de respostas sinceras, aos problemas da humanidade.
Ainda que a terra esteja pedindo socorro, e a ambição dos homens sugira a destruição.
De fato existe uma esperança de mudar o destino daqueles que imploram por um mundo mais justo e menos desigual.
A humanidade necessita que todos os dias valorizar vida, como se tivéssemos um ultimo dia.
Que os seres mudem seus conceitos e demonstrem um pouco mais de compreensão, que cada um de nos possamos refletir e encontrar dentro de nosso interior a existência de um novo mundo um novo dia.
Abrir às mãos estendendo nobres sentimentos, a fidelidade, a amizade, o carinho fazer da nossa realidade a imposição que remeta paz.
Começar a pensar que todos merecem a oportunidade da educação, ouvidos capazes de assimilar sentimentos.
Que respiramos e vivemos pedindo justiça, que ninguém necessita sentir dor, que remédios não seriam necessários se não houvesse o mau.
Enquanto houver pessoas capazes de explorar os sonhos haverá possivelmente realidades presentes.
Se cada um for capaz de demonstrar um pouco mais de humanismo, de buscar a paz e de proporcionar o seu amor à vida se fará com diferencial de resultados.
Que as conquistas feitas por esforços nos surpreende muito mais do que simplesmente obter.
O melhor traço e desenho do futuro é o sorriso que parte da alma. Entre três pontas de uma pirâmide um núcleo que antes de tudo escuta o silencia da consciência, a verdade que assimila os desejos a força que supera cada obstáculo e desafio, uma mão estendida pronta a compreender a necessidade dos outros, e uma visão capaz de enxergar a si mesmo.
A certeza de que seremos eternos aprendizes, tentando vivenciar o melhor da vida.
 Desejo a Todos Um Feliz Natal.


Por Nina Carrillo.





segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Um coração mexicano.

Foto Por Alex Venon


Um coração mexicano.


Quando o amor é único, nenhuma distancia ou destempero é capaz de abalar, apimenta se as palavras, mais a essência permanecem a ficar.
Embora a saudade aumente em cada amanhecer, o sonho do amor eterno ES o tempero magico pelos lábios que anseia seus lábios tocarem.
Pois a riqueza deste sentimento que nobre valida por mais momentos vivenciar.
A paz se sustenta através da esperança, e da certeza de que o hoje vai se perpetuar.
Que diante das adversidades tudo seja um motivo para que as afinidades se concretizem entre o espaço da reflexão e reação o mais puro momento de amar.
Que se faça valer a naturalidade, entre o racionalismo e emoção, o encanto da química e a absorção intensa da verdade.
Entre a riqueza das respostas se façam valer os pés que flutuam percorrendo o mesmo chão.
E suspiros e respiros captem a mesma atmosfera alimentando e unificando a mesma mente.
As energias corram nas mesmas direções, validando o encontro de duas almas.
Ei que o universo reage disparadamente captando cada intensão.
Inspirando cada amanhecer entre sonhos e realidade.  


Por Nina Carrillo







domingo, 15 de dezembro de 2013

A cabana de vidro.

Foto Alexander K Tepes..

A cabana de vidro.


Existia um sol antes adentrando sobre as janelas, onde acalentava todo o interior.Eram exatamente como raios e palavras doces, declarações onde se miravam um futuro prospero, onde tudo parecia belo, mesmo quando a chuva transmitia sua doce visão das gotas sobre os vidros, era possível desenhar com os dedos um rosto apaixonado.Ou mesmo criar um poema diante de algumas palavras...As estações foram passando, algumas folhas caíram diante daquela arvore que se via da janela do coração...Premeditávamos alguns frutos, depois de colher as flores...O verão chegou, em alguns lugares do mundo o inverno, a cabana continua intacta diante da esperança de ver o fruto crescendo naquela arvore que iniciou seu crescimento em meses anteriores.O teto ainda me mostra algumas estrelas, quando ventam algumas folhas voando em meio da paisagem.Alguns cenários revelam o barulho do mar. os vidros na espera do reflexo daquele sorriso adentrar a minha alma novamente.Um bilhete guardado na agenda, mil palavras guardadas no coração...Um coração com asas no peito, e tua assinatura gravada em minha alma.


Por Nina Carrillo.





segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Somos fracos, mas os filhos nos fazem fortes

Quando qualquer dificuldade ou medo aparecem pelo caminho, a inocência das crianças vira combustível para nossa valentia

Foto Marcelo Nozaki Tashiro
Certa vez, tive que me submeter a uma ressonância magnética com contraste, um exame que me foi prescrito como parte de uma nova rotina de prevenção. Para quem nunca fez, uma rápida descrição: você entra num tubo com um minicatéter na veia por onde será aplicado o contraste.
Dentro daquele túnel um tanto apertado, você ficará na mesma posição por 20 minutos, tirintando de frio se for friorento como eu porque uma máquina como aquela requer um ar condicionado capaz de reproduzir o clima do ártico. O barulho que ela emite é ensurdecedor, entrecortado por paradas breves, rápidos silêncios que só servem para aumentar a expectativa em relação ao próximo estrondo. Tampões de ouvido reduzem o desconforto, mas minha alma claustrofóbica precisa mais do que isso para não surtar dentro de um túnel gelado sem ninguém em volta para dar apoio moral.
Controlar o medo era o meu desafio porque o frio parecia não ter jeito, apesar do cobertor sobre minhas pernas e a camisolinha de hospital. A meu favor, contava a vergonha. Só a vergonha me impediria de apertar sem querer a campainha que só deve ser acionada em caso de emergência. "Se a senhora sentir alguma coisa", explicou a enfermeira.
>> Mais colunas de Isabel Clemente
Eu estava sentindo frio e medo, mas acho que frio e medo, mesmo sendo "alguma coisa", não caracterizam situação de emergência. Havia também apreensão com o resultado, sabe lá. Ninguém passa sem ficar um pouco tenso por um escrutínio desses. Vai que, no detalhe, aparece um defeito no meu corpo? O que farei? Também não era o caso de parar o exame por causa disso e eu fora bem orientada pela gentil enfermeira. Não mexe para não atrapalhar o exame. Diga isso para minhas pernas que não param de tremer de frio.
Só que o tempo, esse inimigo implacável dos ansiosos, não passava. Na minha cabeça, aquela revolução em torno do meu campo magnético - mesmo restrita à sala do exame - estava destrambelhando todos os relógios da clínica. Era a única explicação para o tempo, esse traidor, não passar.
As marteladas e as sirenes me soavam como as trombetas do apocalipse. O mundo vai acabar comigo aqui dentro, eu tinha certeza. Eu tinha que me acalmar. Eu precisava sobretudo voltar inteira para minha família, meu marido e minhas filhas, o trio que dá sentido à minha vida. Tratei de dizer coisas boas para mim. Que privilégio fazer um exame tão detalhado. Que honra, pensei, ter médicos tão atentos, não é verdade? Essa era eu, não mais Isabel, mas Polyanna.
Foi quando me ocorreu uma ideia mais elevada. Imagina se fosse uma criança? Antes eu do que minhas filhas. Antes eu, antes eu. Mas e se uma delas estivesse no meu lugar? O que eu faria para acalmá-la? Iria cantar, cantaria tão alto que minha voz calaria a máquina e a mente da gente. E quem sabe assim, melodia, versos e poesia viriam nos salvar das trombetas irritantes.
Eu iria também fantasiar. Porque fantasia é um lugar para onde podemos ir toda vez que a realidade parecer assustadora de mais. Estamos no meio de uma potente demonstração de tecnologia, pura ficção-científica, quem sabe dentro de um foguete em reparos. Ou prestes a decolar. Percebe o barulho da engrenagem?
Para resistirmos à viagem, precisamos de vitamina. Ir para a lua não é para qualquer um. Esse líquido geladinho entrando pela veia nos dará superpoderes no espaço, eu posso sentir, e você? Estranho, mas genial! Ele passeia pelo meu corpo agora.
Àquela altura, com gadolínio circulando nas veias, eu já era uma mulher mais forte, uma mutante, com garras de Wolverine e poderes da Tempestade. Nunca mais serei a mesma. Vou fazer chover e relampejar quando sair daqui.
Esse frio todo vem da lua, lugar inóspito onde, dizem, poucos pisaram. Os próximos seremos nós, comemorei com ar de vitória. Minha mente inquieta decidida a acalmar uma criança imaginária entoou todas as músicas preferidas das minhas filhas na viagem rumo ao espaço. As canções embalaram os minutos finais do exame. E o tempo, um rebelde resistente já dominado, voou.
Esqueci os barulhos do lado de fora. A vida dentro de mim estava mais divertida. Se a ressonância captasse pensamentos e reproduzisse imagens dos meus sentimentos, imprimiria depois uma pauta musical colorida com versos infantis, falando de natureza, de lagarta e borboleta, de Léo e Bia, de dias brancos, piratas e princesas.
Para tirar minha mente daquele tubo gelado, eu ficava apenas imaginando o sorriso inocente das duas crianças. Sem nada saber do que tinha me acontecido, elas apenas me saudariam em casa com um oi embrulhado em sorrisos, prontas para viajar comigo nas nossas aventuras interplanetárias.
É isso o que os filhos fazem pela gente. Mesmo longe, continuam presentes. As minhas filhas transformaram uma menina cheia de medos numa mulher um pouco mais valente.

Texto De Esabel Clemente

Fonte Revista Epoca.

sábado, 7 de dezembro de 2013

O verdadeiro



O verdadeiro amor não se reduz ao físico nem ao romântico. O verdadeiro amor é a aceitação de tudo o que o outro é, do que foi, do que será e... do que já não é..."
'E o prazer de se doar incondicionalmente, acreditar no melhor dar o melhor de si, unir suas causas ao do outro, acrescentar a cada momento, o valor real de viver.
O verdadeiro amor jamais permite uma queda de braço mais sim as mãos dadas.

Por Nina Carrillo














sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Felicidade e Neuromodulação (neuroplasticidade)




Felicidade e Neuromodulação (neuroplasticidade)

Por muitos apelidado de "o homem mais feliz do mundo",  Matthieu Ricard (foto) brindou a comunidade com a sua palestra sobre os Hábitos da Felicidade numa TEDtalk de grande importância para todos os que acreditam que é importante ser feliz. 

Era para ser cientista mas acabou monge budista. Filho do filósofo Jean-François Revel e da pintora Yahne Le Toumelin, o francês Matthieu Ricard, 65 anos, cresceu no meio intelectual de Paris e doutorou-se em genética molecular. Aos 38 anos abandonou a carreira para ir viver nos Himalaias e tornar-se monge budista, mas o interesse pela ciência permaneceu.

Desde 2000 que ele é membro do Mind and Life Institute, que promove o diálogo e a investigação entre cientistas e budistas, e participa em estudos sobre a consciência e o treino da mente com investigadores de vanguarda. Numa das mais recentes, os cientistas ligaram 256 sensores ao seu cérebro enquanto meditava e as imagens mostraram o mais alto nível de atividade alguma vez registado no córtex pré-frontal esquerdo, associado às emoções positivas. A escala variava entre +0.3 a -0.3 (beatífico) e os resultados de Matthieu Ricard situaram-se fora da escala por mais de -0.45. Foi a primeira vez no mundo que isto aconteceu.


É conhecido por ser o homem mais feliz do mundo. Porquê?

Receio que isso não seja culpa minha. Um jornalista lembrou-se de usar essa expressão, mas não corresponde à verdade. Surgiu no contexto das investigações científicas sobre os efeitos da meditação feitas pelo Instituto Mind and Life Institute,  nos EUA. Fui um dos participantes, mas houve outros e, de resto, os resultados são relevantes precisamente porque não se resumem a uma pessoa.



Em que consistiram essas experiências?


Basicamente no estudo do cérebro de monges experientes em meditação. Pegamos num conjunto de pessoas que nunca tinham meditado e ensinamos-lhes técnicas de meditação budista, que praticaram por um mês. Depois usamos eletroencefalogramas e ressonâncias magnéticas para comparar a atividade do cérebro dos monges e dos meditadores recentes durante a meditação. Nos recentes havia poucas diferenças, mas nos monges a meditação sobre a compaixão ativou de forma poderosa o lobo frontal esquerdo, que é a zona do cérebro associada às emoções positivas.



Quais são as implicações dessas experiências?


Mostram que é possível modificar padrões cerebrais – aquilo a que se chama neuroplasticidade – neste caso com o objetivo de sermos mais felizes. Já sabíamos que o treino modificava o cérebro em músicos ou nos taxistas londrinos obrigados a memorizar milhares de ruas. Agora sabemos que pode desenvolver zonas associadas à felicidade e ao bem-estar.



Podemos treinar a felicidade, é isso?


Sim. A felicidade é uma habilidade e pode ser cultivada. Eu não caí em nenhuma poção mágica quando era pequeno. O que conquistei foi graças a um caminho - o Budismo - que me permitiu aprender estas técnicas. Fui um adolescente perfeitamente normal, com todas as incertezas e angústias da idade. Não tive grandes dramas, mas estava confuso e, nesse sentido, não me considerava feliz. Na altura, a minha motivação era tornar-me um ser humano melhor.



Não encontrou respostas nas tradições ocidentais?


Não digo que não existam mas não as encontrei de forma satisfatória. Uma das razões foi porque as pessoas que via a ensinar não me transmitiam a coerência que vim  a encontrar no Oriente. Não é que fossem más pessoas, mas não eram especialmente boas, por isso tornar-me iguais a elas não fazia sentido. Quando conheci o Dalai lama foi diferente. Pensei ‘Como é que ele se tornou assim?’. Aquilo interessou-me, porque ele era um exemplo vivo de que os ensinamentos budistas funcionavam.



O que é que temos de aprender exatamente?


A felicidade é uma forma de ser. Se não somos particularmente felizes temos de aprender a cultivar essa forma de ser. Tudo começa por eliminar as toxinas mentais, como o ódio, a obsessão, o ciúme, a arrogância, o orgulho o desejo, enfim, tudo o que nos torna seres disfuncionais, e cultivar as qualidades positivas que integram a felicidade, como o altruísmo, o amor, a compaixão ou a criatividade. Isto faz-se trabalhando a mente. Aos poucos alguns desses venenos mais grosseiros começam a esbater-se e o resultado é uma espécie de liberdade grande ou felicidade.


"O mundo não é um catálogo de encomenda dos nossos desejos e nunca vai ser perfeito. Se vemos a vida dessa forma estamos em sarilhos"



Esses sentimentos não são o que nos torna humanos?


A questão não é negá-los. Quando falamos de emoções positivas ou negativas não é no sentido de virtudes ou defeitos, não há aqui julgamento moral. É no sentido de que cada uma destas qualidades contribui para um sentimento de florescimento e bem-estar. Uma emoção é má se nos provoca sofrimento.



Hoje em dia nunca sente emoções negativas?


Seria arrogante dizer isso, mas posso dizer que não sinto as mais negativas como ódio. Irritação sim. Mas sinto-as com muito menos intensidade e assim que surgem estou completamente consciente delas e possuo uma serie de métodos para lidar com isso. Não as nego. Por exemplo, quando vim para aqui atrasei-me devido ao trânsito e fiquei com receio de perder o comboio, o que iria deixar várias pessoas à minha espera…



O que podemos fazer em situações dessas?


Primeiro, perceber que a ansiedade é inútil. No meu caso, não me ia deixar menos atrasado. Depois, perceber que se deixar a ansiedade encher a minha mente vou ficar num estado miserável. Uma das principais qualidades da mente é a capacidade de permanecer consciente de si mesma. Isso permite-nos tomar consciência das nossas emoções. O que é isso de estar consciente da ansiedade? É algo diferente de estar ansioso, certo? Uma mente consciente da ansiedade já não é uma mente completamente ansiosa, está ansiosa e ao mesmo tempo consciente da ansiedade, logo, já não está completamente cheia de ansiedade, há uma parte dela livre disso. Se continuarmos a a tornar a mente mais consciente, a ansiedade vai perdendo força porque deixamos de alimentá-la. Não a bloqueámos, deixámos só que se desvanecesse. Quando ficamos familiarizados com este processo, as emoções continuam a aparecer mas com menos força e gradualmente levaremos cada vez menos tempo a dissolve-las.



Cultiva-se uma espécie de desapego em relação às emoções más?


Às más e às boas. Mas é preciso ter atenção: as pessoas confundem o desapego com a indiferença e acham que se trata de não ter sentimentos, não é isso. Suponha que tem uma experiência fantástica. Isso é ótimo, não há nada de errado com o prazer, mas se começamos a agarrar-nos a ele e a transformá-lo numa necessidade, converte-se num  tormento. O que acontece quando temos condições interiores para o bem-estar, é que ganhos e perdas, prazer e dor, sucessos e falhanços perdem relevância. Então, é fantástico se as coisas correm bem, mas não é um drama se correrem mal. O nosso controlo das circunstâncias exteriores é mínimo e no fim estamos sempre à mercê das nossas mentes.



Vive num mosteiro no Nepal. Trabalhar das 9 às 5 num escritório é mais ou menos desafiante?


Claro que podem dizer que é mais fácil sendo monge, mas eu trabalho sete dias por semana no mosteiro. Gosto do que faço, não sei o que significa férias e ninguém me paga. Quando vou para a minha cela o meu trabalho é meditar, não é um emprego, mas é a minha ocupação.



Fez uma mudança  de vida radical…


Foi uma escolha. Antes de ser monge fazia investigação científica e gostava mas fui à Índia, senti-me melhor do que nunca e perguntei-me ‘Onde quero passar o resto da vida?’. Se estamos a fazer o que queremos está tudo bem. Hoje vivo numa cela de 2,5x por 2x9m, com uma vista fantástica sobre os Himalaias. Não tenho água quente, só uma malga e duas colheres, não sinto falta de nada. Consigo apreciar quando estou numa casa confortável, mas se não estiver também estou bem. Vivi 10 anos no Butão. O meu professor ensinava a rainha-mãe e um dia ela insistiu para ir no carro dela, um carro fantástico. Então lá ia eu de carro com a rainha-mae do Butão. No dia seguinte o meu professor mandou-me de volta ao mosteiro e tive de ir nas traseiras de um camião. Eram circunstâncias diferentes mas eu não sentia ‘Uau vou num Mercedes’ num dia para me sentir infeliz por ter de ir num camião no outro. Era divertido.



Há condicionamentos biológicos para a infelicidade?


Há predisposições que, numa pequena percentagem, podem ser genéticas, mas a epigenética ensina que os genes podem ser expressos ou não, ou seja, o facto de haver um master plan, o genoma, não significa que ele seja executado. É como ter um projeto de uma casa. Quando a construímos podemos fazer alterações. Também temos de contar com o ambiente: se crescemos sem amor, com abusos, é dramático porque somos logo forçados ao sofrimento. Mas ainda assim chega  um tempo em que podemos lidar com isso. Existe sempre um potencial para a mudança.



Nas pessoas habituadas a ser infelizes esse desafio é maior?


O essencial é perceber que  é sempre possível cultivar condições que nos ajudem a ser melhores. Quando estive a estudar na Universidade de Montreal havia um professor que costumava correr quando era novo. Começou a treinar novamente e o ano passado participou na maratona. A ciência demonstrou que a neuroplasticidade cerebral – a capacidade de mudar a estrutura do cérebro – é independente da idade. As pessoas mais velhas são perfeitamente capazes de mudar os seus cérebros com o treino. No Tibete há imensas histórias de pessoas que começaram a meditar aos 80 anos com ótimos resultados.


"A felicidade é uma forma de Ser que integra qualidades como o altruísmo e a criatividade. Podemos cultivá-las"



Porque resistimos à mudança?


É um grande mistério. Acho que temos um tipo de hesitação em olhar para dentro. Conheci gente nova que me disse ‘Não quero olhar para dentro, tenho medo do que vou encontrar’. É surpreendente. Não sei o que é que têm medo, mas contei isto ao Dalai Lama e ele disse ‘Há tantas coisas interessantes lá dentro. É melhor do que ir ao cinema!’. Há um fator determinante: a inspiração. Se temos uma razão para mudar é mais fácil. Pelo contrário, o maior perigo é desistir. Por um lado, as pessoas pensam sempre que podiam estar pior, por outro admitem que há coisas que gostavam de alterar mas acham que não é possível porque já são assim há muito tempo ou  é muito difícil. Por isso é que a primeira coisa a fazer é reconhecer o potencial de mudar. Porque a verdade é que qualquer treino tem sempre um efeito. Sempre. Há um bocadinho de inércia, esse é o principal obstáculo. Depois precisamos de algum interesse, e este só aparece se virmos um benefício. No meu caso, foi conhecer um professor especial, porque vi os resultados do treino à minha frente, não tive de acreditar porque alguém me disse.



Como reverter o paradigma do ‘não sou capaz de mudar’?


Primeiro temos que refletir nos aspetos que nos mostram que é possível mudar. Dizemos que a raiva ou inveja são parte da natureza humana. Mas há muitas maneiras de ‘fazer parte’. Se algo faz parte da natureza intrínseca de outra coisa é impossível alterar isso. Mas se não fizer parte intrínseca posso fazer alterações. Por exemplo, em essência a água é H2O. Se lhe adicionar plantas fica medicinal, se juntar cianeto torna-se mortal, mas continua a ser H2O, o que lhe acrescentei não faz parte da sua essência e posso removê-lo. Há algo parecido na mente. As emoções negativas são como o cianeto e as positivas como as plantas medicinais, mas existe uma qualidade da mente independente disso que se chama Consciência Essencial ou Luz Clara da Mente. Esta qualidade essencial é o que nos permite ter consciência das nossas emoções.



Temos de encher a mente de ‘emoções medicinais’?


Sim. Por exemplo, se a raiva é o meu principal problema, qual é o oposto da raiva? Benevolência. Se eu cultivar a benevolência, enchendo a minha mente com este sentimento, talvez ele se torne mais forte e neutralize a raiva, porque os dois são mutuamente incompatíveis.



Não é possível ter emoções ambivalentes?


Não, o que chamamos emoções ambivalentes são de facto emoções contraditórias, mas não ocorrem ao mesmo tempo embora a oscilação possa ser muito  rápida. Sempre que sentimos, nem que seja por um segundo, amor e simpatia, não podemos querer fazer mal. O que há a fazer, é aumentar o tempo em que nos concentramos nas emoções positivas e isso é uma questão de treino.



A meditação tem efeitos sobre o sofrimento físico?


Há um filósofo suíço chamado Alexandre Jollien que fala disso. É uma pessoa fantástica, fabuloso filósofo, mas incapacitado fisicamente. Hoje é  um orador inspirador mas conta que todos os dias nos transportes alguém o ridiculariza. Não é fácil, ele odeia o seu corpo de certa maneira, apesar de ter ganho paz acerca disso. Nos problemas mentais pode ser mais difícil, mas a depressão é um campo onde a meditação pode ser muito poderosa. Há muitos estudos sobre isso. Obviamente é difícil começar a meditar quando se está no pico de uma depressão porque não se tem vontade, mas nas pessoas que já tiveram pelo menos dois episódios e estão realmente fartas daquilo os programas de meditação baseada na atenção plena reduziram em 40% o risco de recaída.



Se deixamos de meditar os efeitos  perduram?


Perduram porque mudaram a nossa maneira de Ser. É como andar de bicicleta. Sempre que dominamos uma nova capacidade ela fica adquirida, ainda que o treino melhore o desempenho. Para aprender a andar de bicicleta tivemos de alterar circuitos neuronais, o mesmo acontece quando meditamos. No fundo, meditar é aprender uma forma diferente de experienciar o mundo. Quando estou a trabalhar não estou a meditar, mas em quase todos os momentos uso capacidades que adquiri na meditação e assim continuo a reforçá-las. Fazendo isso a vida torna-se parte da meditação.



Muitos começam a meditar e desistem. A felicidade dá trabalho?


Sim, mas é um esforço gratificante. A meditação inicialmente pode não ser divertida. Há uma expressão de tibetana que diz “No início nada vem, no meio nada fica, no fim nada vai embora”, ou seja, no início não vemos os benefícios, é quando podemos desistir; no meio vemos alguns, mas depois deixamos de ver outra vez; no fim atingimos o objetivo e nunca mais o perdemos. O tempo destas fases varia de pessoas para pessoa, mas só o facto de começar a meditar já é raro nos dias que correm.



A felicidade faz parte da natureza humana ou foi uma conquista evolutiva?


Pessoas infelizes têm menos iniciativa e até menos interesse em reproduzir-se pelo que em termos evolutivos ser infeliz não é uma vantagem para a espécie. É um facto que em termos gerais, as pessoas dizem que, apesar de tudo, estão mais satisfeitas do que não satisfeitas com a sua vida. Não estamos sempre deprimidos porque isso não seria bom para a espécie. É o que dizem os evolucionistas.



Essa satisfação mediana não é o conceito de felicidade budista…


O meu conceito de felicidade não se limita a uma satisfação mediana nem se confunde com o conceito de prazer. O prazer depende das circunstâncias, pode contribuir para a felicidade ou ir contra ela. Adoro música clássica, mas ouvir 48 horas de chopin non stop é um pesadelo. Também podemos sentir prazer a torturar pessoas. A felicidade é quase o oposto. É algo que está ali, independentemente do sofrimento ou dos prazeres passageiros. Quanto mais nos confrontamos com os altos e baixos da vida, mais a reforçamos porque ficamos menos vulneráveis às circunstâncias exteriores.



Podemos ser felizes sabendo que outros sofrem?


A tristeza é incompatível com o prazer mas não com a felicidade. Podemos estar tristes sabendo que há pessoas a morrer à fome mas não temos de estar desesperados e podemos ficar determinados a ajudar. Neste sentido a determinação em fazer algo para acabar com o sofrimento faz parte da minha felicidade.



E é possível ser feliz quando somos vítimas de violência?


Para a felicidade é muito pior fazer mal aos outros do que nos fazerem mal a nós. Não quer dizer que temos de ser passivos se nos agredirem, mas se não pudermos evitar só temos de lidar com isso. No fundo, felicidade é usar todas as circunstâncias de forma construtiva.



Então ser infeliz é uma escolha?


É uma escolha a longo prazo, não  agora. Se algo mau acontece e não estamos treinados para lidar com isso, não temos escolha senão ficar angustiados. Podemos, a longo prazo, aprender a lidar com isso. Não temos que nos sentir cupados. A escolha que temos é começar um processo de mudança.



Vivemos em sociedades que nos fazem infelizes?


Há um estudo de Michael T. Kasser que mediu os níveis de consumismo de centenas de pessoas por 20 anos e concluiu que quanto mais alto menos felizes somos. Não se trata de um julgamento moral mas de uma constatação. A mentalidade consumista leva à procura dos prazeres imediatos, o que não traz felicidade. Atualmente os miúdos de dois anos já são inundados de anúncios. Isto é eticamente errado e um começo tortuoso para a felicidade.



Uma cultura de meditação pode criar gerações mais felizes?


Pessoas com mentes treinadas poderão fazer nascer crianças mais propensas a serem felizes. A cultura e a educação têm uma influência determinante na forma como o cérebro se começa a moldar.



Um budista tem mais probabilidade de ser feliz do que um cristão ou ateu?


Se aplicarmos os valores do amor e da compaixão chegamos ao mesmo sítio. São Francisco de Assis encarna todos os princípios budistas. O Dalai Lama disse uma vez que no budismo não achamos que exista um criador mas quem acredita tem de amar os outros, que são também produtos de Deus. Quando foi a Montserrat, na Catalunha, ver um eremita numa gruta, perguntou-lhe ‘Sobre o que tem estado a meditar na sua vida toda?’. Ele respondeu ‘No Amor’. E emanava tanto amor que o Dalai Lama ficou realmente inspirado. No fundo não há assim tanta diferença.



Fonte.




quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

A verdade sobre os sentimentos.

Foto Alexander K Tepes em  Edinburgo- Escócia

A verdade sobre os sentimentos.


Você possui a todo o momento a claridade notória entre a força e a fraqueza de dizer o que sentes o que pensas sobre sua determinação interior.
A verdade jamais deixa rastros, mesmo que surpreendentemente te faça rever tudo àquilo que imaginou, ela é a única resposta para uma vida inteira sem arrependimentos.
Alavanca necessária para uma reflexão profunda, de um conhecimento interno de uma visão global sobre si mesmo.
Jamais deixe de declarar seus sentimentos, são eles quem realmente refletem na integra o seu caráter, a sua coletânea de conhecimento sobre o outro, mesmo que não tenha a determinada expectativa, isso com certeza te faz um ser livre, e dar a devida escolha de resposta.
A interpretação do outro, diante da verdade dispensa os julgamentos, quando pronunciamos em conjunto da mente e coração.
Dispense as duvidas, coloque se a dispor da entrega mais profunda, pois somente ela te coloca na condição de lealdade, no privilegio mais absoluto de doar o que te fato importa.
Será como ver o sol mesmo dormindo, ter a paz presente consciente e inconscientemente, determinar que em seu caminho sempre haja a fortuna mais valiosa de um ser, uma fortuna chamada amor.
Se declarar, fazer desabrochar seus sonhos íntimos, aquilo que te move como ser humano.
Expor claramente o seu respeito, a sua admiração, é também ser fiel aos seus valores.
A verdade sobre que sente, é o que te faz crescer diante do mundo e de si mesmo.
É também o começo de uma vida feliz e plena.


Por Nina Carrillo






terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Significado de um bom amigo

Foto Por Marcelo Nozaki Tashiro

Significado de um bom amigo


Um bom amigo não se limita pela distância, ele sempre se encontra dentro de suas lembranças.
A amizade é a soma de valores com contornos de bem querer.
Valorizar um amigo, e o mesmo que valorizar um instante mágico, pois este instante pode durar pra sempre em sua lembrança.
Nas virtudes de inúmeras energias que transmitimos mesmo com a distância.
Ser amigo e considerar se amigo, trás ao ser humano um contraste de inovação porque pra inovarmos, temos que estar em constante harmonia mesmo com as discordâncias.
Pois discordar para o crescimento e o bem faz com que você possa oferecer o seu imenso carinho e compreensão.
Ser um bom amigo é valorizar os pontos fortes, ajudar nos pontos fracos, e acolher nos instantes de solidão.
Um bom amigo conhece o amor ao próximo, sabe e conhece o valor de uma família mesmo que este não a tenha, mais encontra no sorriso do outro o seu momento de satisfação de carinho de amor.
Ser um bom amigo é saber que não precisamos ter o mesmo sangue ter algum parentesco pra entendermos que o mundo e feito de uniões.
Essa união faz a força. Pois o mundo é movido somente com mãos dadas girando sobre a força de encontrar a paz sobre os braços da amizade.
Reconhecer uma amizade verdadeira, ou simplesmente emocional, pois um amigo sabe exatamente identificar a coragem e a ousadia de confiar em seus conceitos, apostar na sua inteligência, interagir com seu universo.
Somos todo um, pois o amor se encontra na amizade e a amizade se encontra no amor ao próximo.
Ter um verdadeiro amigo   e dar alimento a alma, mente, pois a humildade permanece em seu ser, os seres humildes são anjos que sopram o vento da vida.
 Ter um bom amigo é saber que sua amizade continua La na mente no coração mantendo a infância presente na alma. 


Por Nina Carrillo


segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Amor com pimenta mexicana.

Obras da Artista Plastica e Atriz Mexicana Gabriela Sáenz


Amor com pimenta mexicana.


Amar se completa com a existência do paladar..
Com sintonia do olhar, os recordos de uma noite caliente.
As melodias da voz que diz amo te sem pensar.
Encontrar na expressão do rosto as respostas que a alma procura
Ver cores com olhos vendados, suspirar entre intelecto e físico.
Uma pitada de romantismo, o restante por conta dos instintos.
Um canto e um conto, onde fantasias e sonhos se misturam.
Margem e oceano se complementam, perfume de pele o gosto de desejo.
Entre a calmaria e a total fúria, existe um símbolo, que não procura motivos.
Uma estrela tocando a terra, pés alcançando as nuvens.
Força que soa suave, emoções que florescem ao toque.
E se baila, com sorrisos, vibra se com o puro êxtase.
É amor que alimenta, é sabor que energiza a vida.
 


Por-Nina Carrillo








domingo, 1 de dezembro de 2013

Inspiração


Dure o tempo que mereça, cá pra nós o amor é a estrutura e a força necessária pra nos manter em pé.
Inspiração para vitória, sentimento de liberdade, compreensão do verdadeiro sentido da vida.
Sem duvida alguma, quem ama verdadeiramente sabe que até em pensamentos, sua força é válida.
Mesmo em qualquer canto do planeta, quem ama sente e deseja a vitória aos seus.
Em vias de fé e foco, aplaudimos ou choramos no único intuito a inspiração de querer o bem.


Por Nina Carrillo